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A Fórmula 1 e seu momento crucial

seg, 26/07/10
por Rafael Lopes |

Massa e Alonso no GP da Alemanha

O incidente do GP da Alemanha, quando a Ferrari mandou Felipe Massa ceder a liderança a Fernando Alonso, repercutiu muito mal na imprensa mundial, à exceção da espanhola e da italiana. Só que isto já era esperado, ao menos por mim. O que eu não achava era que a força das reclamações dos torcedores fosse tamanha. A última polêmica deste tipo, envolvendo trocas de posições tão descaradamente na pista, foi a do GP da Áustria de 2002 – Barrichello abre para Schumacher na reta de chegada – quando a internet ainda não tinha a força de hoje. As reações dos torcedores foram muito inflamadas na web, como ainda não tinha visto, e não só no Brasil.

Por isso, para mim, a Fórmula 1 chega a uma encruzilhada, onde terá de tomar uma decisão importantíssima para seu futuro. Os fãs ao redor do mundo esperam por uma decisão enérgica da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) em sua reunião do Conselho Mundial que julgará o caso do GP da Alemanha. A não-punição esportiva da Ferrari – com perda de pontos ou suspensão – poderá fazer um tremendo estrago na audiência mundial da categoria. Já ficou claro que o público não aprova o jogo de equipe, que já é proibido por regulamento desde 2002. Ou a entidade toma uma decisão enérgica, ou poderá ter problemas mais à frente.

A Fórmula 1 é um esporte, mas algumas pessoas a consideram um negócio. Mas é fácil justificar o lado do público em ambas as correntes. Na parte esportiva, é claro que o melhor tem de ganhar. Na corrida da Alemanha, não estava claro se era Massa ou Alonso – apesar do brasileiro estar na frente. Com a decisão, a Ferrari roubou pelo menos umas dez voltas de disputa ferrenha entre os dois, em que bastava apenas um pouco de responsabilidade de ambos os lados para evitar um acidente. Em uma época em que as corridas estão tão monótonas, uma reclamação mundial, não dá para prescindir de uma briga limpa, mas boa, na pista.

Massa e Alonso no GP da Alemanha

Pelo lado do negócio, criar uma celeuma como esta também não é aconselhável. A Ferrari teria um retorno financeiro – e de mídia – muito positivo se não desse a ordem para a inversão. Em compensação, a equipe foi criticada ao redor do mundo e vários fãs criaram antipatia da marca e dos patrocinadores. Perdeu-se uma oportunidade de conseguir uma bom ganho de imagem. A categoria também sai perdendo, porque a imagem de corridas “armadas” não faz bem a ninguém. Quantas pessoas deixarão de assistir aos GPs pensando justamente nisso? Com decisões fabricadas pelos chefes de equipe, a categoria não pode se dar bem.

Além disso, o fluxo intenso de informações, principalmente via internet, foi um agravante para os escândalos e polêmicas recentes da Fórmula 1. Alguém lembra de anos tão turbulentos na categoria, com tanta lama levantada? Confesso que eu não lembro. A F-1 não estava preparada para isso e ainda dá uma atenção limitadíssima à nova mídia – melhorou um pouco, mas ainda é insatisfatório. A proliferação de sites de notícias e blogs sobre automobilismo só maximizam o impacto de uma notícia. Isto pode ser bom, principalmente na repercussão das corridas, mas também péssimo, em caso de um vexame como o deste domingo.

Ou seja, uma decisão errada na reunião do Conselho Mundial e outra pizza podem ter efeitos desastrosos no futuro da Fórmula 1. A categoria precisa dar uma resposta à altura do problema criado com a decisão da Ferrari no domingo na Alemanha. Como já disse, defendo a desclassificação de ambos os pilotos e uma gorda multa – na casa dos milhões. Quem sabe uma suspensão por uma corrida. Mas, sinceramente, não acredito. A politicagem sempre fala mais alto na F-1. E se isso acontecer, será uma pena. Mostrará que a categoria não é um negócio tão avançado assim. Afinal, ela não pensa sequer em seu mercado consumidor.